segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

texto lindo de OSHO sobre a consciência

"Esse é um dos problemas enfrentados por todo mundo que está tentando estar consciente enquanto trabalha, porque o trabalho exige que você deve se esquecer de si próprio completamente. Você deve estar envolvido nele tão profundamente...como se você estivesse ausente. A não ser que esse total envolvimento esteja presente, o trabalho permanece superficial.
Tudo que é grandioso, criado pelo homem, na pintura, na poesia, na arquitetura, na escultura, em qualquer dimensão da vida, necessita que você esteja totalmente envolvido. E se você estiver tentando estar consciente ao mesmo tempo, seu trabalho nunca será de primeira classe, porque você não estará nele.
Assim, consciência, enquanto se está trabalhando, necessita de um tremendo treinamento e disciplina e a pessoa tem que começar com ações bem simples. Caminhar, por exemplo. Você pode caminhar e pode estar consciente de que está caminhando, cada passo pode ser cheio de consciência. Comendo... exatamente do jeito que se toma chá nos mosteiros Zen. Eles chamam de 'cerimônia do chá' porque bebendo chá, aos poucos, a pessoa tem que permanecer alerta e consciente.
Essas são pequenas ações, mas para começar elas são perfeitamente boas. A pessoa não deveria começar com alguma coisa como pintura, dança, pois esses são fenômenos muito profundos e complexos. Comece com pequenas ações da rotina diária da vida. Na medida em que você se tornar mais e mais acostumado a estar consciente, a consciência vai se tornar exatamente como a respiração, você não terá que fazer qualquer esforço por ela, ela terá se tornado espontânea e, então, em qualquer ato, em qualquer trabalho você poderá estar consciente.
Mas lembre-se da condição: isso tem que ser sem esforço, isso tem que vir espontaneamente. A partir daí, pintando ou compondo música, ou dançando, ou mesmo lutando espada contra um inimigo, você poderá permanecer absolutamente consciente. Mas essa consciência não é a consciência que você está tentando alcançar. Ela não é o começo, ela é a culminação de uma longa disciplina. Algumas vezes ela pode acontecer sem disciplina também. Pelo menos de uma história eu me lembro...
Um grande espadachim, um grande guerreiro, voltou para casa e descobriu que o seu servo estava fazendo amor com sua esposa. De acordo com o costume ele desafiou o servo, deu a ele uma espada e chamou-o para fora da casa, para que a situação fosse decidida: aquele que permanecesse vivo seria o marido da mulher.
O servo não sabia nem mesmo como segurar uma espada, ele era um pobre servo e nunca tinha sido treinado em esgrima. Ele disse: ' Mestre, embora você esteja seguindo uma convenção, e respeitando até mesmo um servo e lhe dando uma oportunidade, isso para você é apenas um jogo. Eu nada sei a respeito de esgrima. Pelo menos me dê alguns minutos para que eu possa ir ao maior dos mestres, um monge Zen que vive na vizinhança, num mosteiro, para obter alguma indicação'.
O homem concordou e disse: 'Você pode ir. E se for preciso, eu esperarei por você algumas horas ou alguns dias, ou até meses alguns meses para que você possa aprender a disciplina.'
Ele foi ao grande guerreiro, o mestre Zen. O mestre Zen lhe disse: 'Mesmo anos de treinamento não irão ajudá-lo. O seu patrão é exatamente o segundo, depois de mim, em todo o país. Você não pode ter a esperança de competir com ele. Minha sugestão é que este é o momento certo para a luta'.
O servo não conseguia entender. Ele disse: 'Que tipo de quebra-cabeças você está me dando, este momento é o momento certo?'
E ele disse: 'Sim, porque você só tem uma coisa que é certa, a sua morte. E agora, você nada mais tem a perder, a não ser ela. O seu mestre tem muitas coisas a perder, sua esposa, seu prestígio, sua respeitabilidade como guerreiro, todo o seu dinheiro, pois ele é um grande senhor... A mente dele não pode ser total enquanto ele estiver lutando. Mas você pode ser total. Você tem que ser total, bastará um momento sem consciência e você estará acabado. Você terá que estar totalmente alerta. Este é o momento certo. Não se preocupe com qualquer disciplina. Simplesmente pegue uma espada e vá'.
O servo estava de volta em poucos minutos. Seu patrão lhe disse: 'Você aprendeu tudo?'
Ele disse: 'Não há necessidade de aprender coisa alguma. Venha para fora da casa!'
E a maneira como ele gritou, 'Venha para fora da casa!' ... O patrão não podia acreditar que uma transformação mágica tivesse ocorrido com seu servo. Assim que ele saiu da casa, o servo, de acordo com a convenção, curvou-se diante do patrão, o patrão curvou-se diante do servo. No Japão, isso é parte da cultura deles, mesmo diante do inimigo, você tem que respeitar a sua dignidade, sua humanidade, sua divindade.
E o servo começou golpeando o guerreiro, nada sabendo a respeito de esgrima. O guerreiro estava perdido, porque onde qualquer perito teria golpeado, o servo não iria golpear, porque ele não sabia. Ele golpeava em algum lugar onde nenhum perito jamais iria golpear. E ele estava lutando com tal totalidade que o guerreiro começou a recuar, e na medida em que o guerreiro recuava, o servo ficava com mais coragem. Ele movimentava a sua espada sem saber porque, para qual propósito, ou mesmo onde ele estava golpeando. E uma vez que a sua morte já era tida como certa, agora não havia mais nenhuma preocupação. Todas as preocupações pertencem à vida.
Rapidamente ele encurralou o mestre num canto. Atrás estava o muro que cercava o jardim do mestre. Ele não podia recuar mais. Ele estava com muito medo da morte, pela primeira vez em sua vida, e então disse, 'Espere! Você pode ficar com minha esposa, você pode ficar com minhas propriedades. Eu estou renunciando ao mundo, eu vou me tornar um monge'.
Ele estava tremendo de medo. Mesmo ele não conseguia entender o que havia ocorrido. De onde essa coragem surgiu? De onde essa totalidade? De onde essa consciência? Mas isso só pode acontecer em tais situações especiais, quando sem qualquer disciplina, simplesmente a situação pode criar tamanha consciência em você.
Sempre que eu leio essa história eu me lembro de Adolf Hitler. Por cinco anos continuamente ele estava vencendo a guerra em todas as frentes, sozinho, lutando contra o mundo inteiro. E o motivo para ele estar vencendo a guerra era porque ele não ouvia os generais, de maneira alguma.
Lutar é uma arte, na carreira militar você passa por um longo treinamento. Os conselheiros de Hitler não eram generais, nem peritos na ciência militar. Seus conselheiros eram astrólogos. Eles diziam a ele onde atacar e onde não atacar, enquanto o outro lado estava seguindo a ciência militar, e essa foi a razão para ele estar vencendo por cinco anos. Se ele tivesse ouvido também aos seus generais, então não haveria qualquer possibilidade para cinco anos de contínuas vitórias.
Você ficará surpreso em saber que no final Churchill chamou astrólogos da Índia para descobrir onde ele iria atacar. É normal, é do senso comum que você ataque naquele ponto, onde o inimigo está fraco, e que você evite aquele ponto, onde o inimigo está forte, até o último momento. Mas os astrólogos nada têm a ver com exército ou com luta, eles consultam as estrelas.
Os inimigos estavam seguindo a ciência militar e estavam se preparando nos pontos mais fracos, sabendo que aqueles deveriam ser os pontos onde os generais de Adolf Hitler decidiriam atacar. E Adolf Hitler atacava os pontos mais fortes dos inimigos, onde eles estavam dormindo profundamente... nem mesmo se preocupando, porque nenhum cientista militar jamais iria sugerir atacar os pontos mais fortes. Lá, eles não estavam preparados, eles estavam preparados nos pontos fracos.
Tudo acontecia de maneira totalmente imprevisível... os inimigos estavam atordoados: O que fazer diante disso? Ele nada sabia sobre exército, ele nada sabia sobre ciência militar. Mas esse seu não saber foi imensamente útil por cinco anos até que Churchill decidiu, apesar de suas próprias resistências, sabendo que isso era uma estupidez, que os astrólogos da Índia deveriam vir para Londres. E a partir daquele dia, começou a queda da Alemanha, porque agora eram astrólogos contra astrólogos, não seria mais uma guerra entre exércitos. Winston Churchill encontrou na Índia idiotas ainda maiores do que o estúpido Adolf Hitler. As coisas mudaram e dentro de apenas dois meses, Adolf Hitler começou a recuar.
Sempre que eu entro em contato com a história do mestre Zen e seu servo, eu tenho sempre que lembrar do Adolf Hitler. Ele tinha absoluta certeza na astrologia e ele estava total em sua ação. Nem mesmo uma simples dúvida passava pela sua cabeça, nunca.
O mesmo deve ter acontecido com o servo. Quando a morte é certa, o medo desaparece. O medo somente surge por causa da morte. Mas quando a morte é certa e não há maneira alguma de evitá-la, qual o motivo para ficar com medo? Ele quase se tornou um homem de total integridade. Ele nada sabia, mas derrotou o mestre que tinha sido um homem vitorioso em muitos combates.
Mas só raramente isso pode acontecer, em condições extremas. Na vida diária, você deve seguir o curso normal. Primeiro, torne-se consciente das ações que não necessitam de seu envolvimento. Você pode caminhar e seguir pensando, você pode comer e seguir pensando. Substitua o pensar pela consciência. Siga comendo, e permaneça alerta de que você está comendo. Caminhe e substitua o pensar pela consciência. Continue caminhando e talvez o seu caminhar fique um pouco mais vagaroso e mais gracioso. Mas, a consciência é possível com esses pequenos atos. E na medida em que você se torne mais e mais capaz, use as atividades mais complicadas.
Um dia chegará em que não haverá atividade no mundo na qual você não possa permanecer alerta e ao mesmo tempo agir com totalidade.
Você está dizendo, 'Quando eu decido estar consciente no trabalho, eu perco a consciência'. Isso não tem que ser uma decisão sua, isso tem que ser uma longa disciplina sua. E a consciência tem que vir espontaneamente, você não pode pedir por ela, você não pode forçá-la.
'E quando eu me torno consciente de que eu não estava consciente, eu sinto culpa.' Isso é uma estupidez absoluta. Quando você se torna consciente de que não estava consciente, sinta-se feliz, pois pelo menos agora você está consciente. Em meus ensinamentos não há lugar para o conceito de culpa.
Culpa é um dos cânceres da alma.
E todas as religiões têm usado a culpa para destruir a sua dignidade, seu orgulho, para fazer de você um simples escravo. Não há necessidade alguma de sentir culpa, isso é natural. Consciência é uma coisa tão grandiosa que mesmo se você puder estar consciente por poucos segundos, fique alegre. Não dê atenção àqueles momentos em que você perde a consciência. Preste atenção àquele estado quando você de repente se lembra, ' eu não estava consciente'. Sinta-se afortunado pois, pelo menos depois de algumas horas, a consciência retornou.
Não faça disso um arrependimento, uma culpa, uma tristeza, porque ao se sentir culpado e triste, no fundo você estará sentindo um fracasso, e isso não irá ajudá-lo. Pois, uma vez que o sentimento de fracasso se estabeleça em você, a consciência se tornará ainda mais difícil.
Mude todo o seu foco. É grandioso que você tenha se tornado consciente de que havia esquecido de estar consciente. Agora não se esqueça pelo maior tempo possível. De novo você esquecerá e de novo você se lembrará, mas cada vez, o período de esquecimento se tornará menor e menor. Se você puder evitar a culpa, que é basicamente cristã, os seus períodos de inconsciência se tornarão ainda mais curtos, e um dia eles irão simplesmente desaparecer. A consciência se tornará exatamente como a respiração ou a batida do coração, ou a circulação do sangue em você, dia vem, dia vai.
Assim, esteja observando, para que você não sinta culpa. Não há motivo para sentir culpa. É imensamente significante que as árvores não escutam aos seus padres católicos. Senão eles iriam fazer com que as rosas se sentissem culpadas. 'Por que você tem espinho?' E a rosa dançando no vento, na chuva, no sol, de repente se tornaria triste. A dança desapareceria, a alegria desapareceria, a fragrância desapareceria. Agora, o espinho se tornaria sua única realidade, uma ferida. ' Por que você tem espinhos?'
Mas porque não existem roseiras tão tolas para ouvir quaisquer padres de quaisquer religiões, as rosas seguem dançando e com as rosas, os espinhos também seguem dançando.
Toda a existência é sem culpa. E o homem, no momento em que ele se torna sem culpa, ele se torna parte do fluxo universal da vida. Isso é iluminação, uma consciência sem culpa, alegrando-se com tudo o que a vida coloca à disposição, a luz é bela, assim como é a escuridão.
Para mim, quando você não conseguir encontrar qualquer coisa para se sentir culpado a respeito, você terá se tornado um homem religioso. Para aqueles que se auto denominam religiosos, você só é considerado religioso se você sentir culpa. Quanto mais culpa você sentir, mais religioso você é.
As pessoas estão torturando a si mesmas com punições, com penalidades. As pessoas fazem jejum, as pessoas estão batendo em seus próprios peitos com os seus punhos até o sangue começar a escorrer. Para mim, essas pessoas são psicopatas, elas não são religiosas. Aqueles a quem eles chamam de religiosos, lhes têm ensinado que se eles fizerem qualquer coisa errada, será melhor que punam a si próprios, do que esperar para serem punidos por Deus no Dia do Juízo Final, porque então a punição será atirá-los na escuridão do abismo do inferno por toda a eternidade. Não há como escapar, não tem saída. Uma vez que você entra no inferno, você não tem como sair.
Toda a humanidade, de alguma maneira, tem se sentido culpada. Isso tem apagado o brilho de seus olhos, isso tem tirado a beleza de sua face, isso tem tirado a graça de seu ser. Isso tem reduzido você a um criminoso, desnecessariamente.
Lembre-se de que o homem é frágil e fraco e errar é humano. As pessoas que inventaram o provérbio ' errar é humano' devem também ter inventado o provérbio 'perdoar é divino'. Eu não concordo com a segunda parte.
Eu digo, errar é humano e perdoar também é humano. E perdoar a si mesmo é uma das maiores virtudes, porque se você não puder perdoar a si mesmo, você não poderá perdoar a ninguém mais no mundo, será impossível. Você está tão cheio de feridas, de culpas, como você poderá perdoar o outro? Aquelas pessoas que são chamadas de santos seguem dizendo que você será atirado ao inferno. Na verdade eles é que estão no inferno! Eles não permitem que você seja perdoado nem por Deus...........
Qualquer coisa que você fizer, se não for correto, não faça novamente. Se você sentir que isso machuca alguém, não faça novamente. Mas não há qualquer necessidade de se sentir culpado, não há qualquer necessidade de se sentir arrependido, não há qualquer necessidade de se penalizar e torturar.
Eu quero mudar o seu foco completamente. Mais do que contar quantas vezes você se esqueceu de lembrar de estar consciente, passe a contar aqueles poucos belos momentos em que você era um cristal claro e consciente. Aqueles poucos momentos são o suficiente para salvar você, são suficientes para curá-lo, para cicatrizá-lo. E se você prestar atenção neles, eles irão crescer e se espalhar em sua consciência. Devagar, devagar, toda a escuridão da inconsciência irá desaparecer. .................
No começo, muitas vezes, você irá concluir que talvez não seja possível estar trabalhando e estar consciente ao mesmo tempo. Mas eu lhe digo não apenas que isso é possível, eu lhe digo que isso é possível muito facilmente. É só começar da maneira certa. É só não começar com XYZ. Comece com ABC.
Na vida, nós perdemos muitas coisas porque começamos errado. Tudo deve ser iniciado a partir de seu próprio princípio. Nossas mentes são impacientes, nós queremos fazer tudo rapidamente. Nós queremos alcançar o ponto mais alto sem passar por todos os degraus da escada.
Mas isso significa fracasso absoluto. E uma vez que você fracasse em alguma coisa como consciência, isso não é um fracasso pequeno, talvez você não tente nunca mais. O fracasso machuca.
Assim, qualquer coisa que seja tão valiosa quanto consciência, você deve começar muito cuidadosamente, e desde o princípio, porque a consciência pode abrir todas as portas dos mistérios da existência, ela pode trazer você ao verdadeiro templo de Deus.
E vá se movendo muito vagarosamente. É só ter um pouco de paciência pois a meta a ser alcançada não está muito longe.

OSHO - The Hidden Splendor - Discourse nº 11 - question nº 1
tradução: Sw.Bodhi Champak

Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados.

Nenhum comentário: